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O FANTASMA DO DESEMPREGO

Marcia Dessen escreveu na Folhainvest 29.02.16, pg. 8: – “Não foi demitido ainda? Ótimo! Trabalhe duro. Seja produtivo. Dê (ao seu patrão) uma boa razão para deixar seu nome longe da lista de corte”.

De tempos em tempos, essa moderna fórmula de escravidão assalariada do sistema do Capital (que de moderna não tem nada) põe as pessoas a disputarem quem perderá o direito de trabalhar, no Brasil e alhures. Isto, sim, precisa ser questionado. Louve-se as boas intenções da colunista, mas fica no ar uma sensação de revolta, humilhação e mesquinharia, pois, no fundo, se trata de desvestir um santo para vestir outro.

Alguém restará nu, mesmo sendo trabalhador produtivo, profícuo, bom samaritano, etc.

Por essa e outras razões, esse sistema do Capital, formado pelos seus três pilares interligados, Capital, Trabalho e Estado, está exaurido e precisa ser repensado.

Os Sindicatos, teoricamente defensores do pilar Trabalho, só fazem fortalecê-lo na medida que aceitam a adoção de meros paliativos, como aumentos de salários, seguro desemprego, aposentadorias, auxílios alimentação, saúde, transporte, alimentando e perpetuando uma relação de vassalagem, onde haverá sempre um único senhor, o Capital, enquanto o restante permanecerá o que sempre foi, escravo, agora assalariado; alguns de luxo, mas escravos.

Não tomem o termo “escravo” em seu sentido político, mas no econômico, porque a dominação do Capital sobre o Trabalho é de caráter fundamentalmente econômico, não político.

Não se trata, por certo, de extinguir o Capital, nem o Trabalho e tampouco o Estado, por impossível, mas de superá-los, transcendê-los e recolocá-los a serviço do homem.

  • Há um excelente livro a respeito de Istvan Meszáros – “A Montanha que Devemos Conquistar”

É claro que é uma tarefa hercúlea, mas o ciclo de dominação do Capital talvez tenha se completado, na medida em que ele colocou o Trabalho e o Estado a seu serviço. Tudo que chega ao seu ápice tende a cair, como o Império Romano, o Império Britânico, etc.

(A ironia disso é ver que o homem, com seu trabalho, criou o Capital; depois, criou o Estado para proteger a si e ao seu capital e modernamente vê o Capital se juntar ao Estado para explorá-lo).

Mas, tudo tem um limite e esse é dado pela Natureza. A deusa Gaia que nos acolhe começa a dar sinais de exaustão. Talvez tenha chegado a hora de colocarmos na balança questões como crescimento vs desenvolvimento, preservação vs exploração, etc e nos convencermos de que o sistema do Capital com seus alicerces Estado, Capital e Trabalho, operando nos moldes atuais, não podem prosperar, sob pena de destruição da humanidade, e buscarmos fórmulas para suplantá-los.

 

Ademar G. Feiteiro

 

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