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CHEFE IMPREVISÍVEL

Pelo que dizem jornais, articulistas, analistas de vários perfis e ideologias, Trump é um personagem contraditório, imprevisível, de modo que poucos ousam predizer o que fará.

Assim, qualquer tentativa de racionalização ou previsão corre o risco de equivocar-se. Entretanto, o poder amansa; diante do gigante pelado os ânimos tendem a se arrefecer.

Em nossa atividade profissional, todos já passamos pela experiência de ter de encarar um chefe imprevisível. Chamado às pressas, na ante – sala à espera de entrar, você não sabe se receberá um cumprimento ou uma facada. É horrível.

Grandes líderes empresariais caracterizam-se por seu expontaneísmo e afabilidade. Agradáveis e tranquilos, têm sempre uma palavra de incentivo, mesmo nas situações mais delicadas. São líderes naturais, respeitados, não temidos; têm a autoridade da pessoa, não do cargo, cuja legitimidade ninguém põe em dúvida.

Em nossas empresas, infelizmente, isto é exceção. Nossos patrícios ao serem alçados pensam que, da noite para o dia, se tornam mais sábios, mais bonitos, melhores. À medida que sobem na hierarquia reforçam essas “qualidades”, apoiados por uma claque bajuladora, embora ressentida, até se tornarem insuportáveis. Aos críticos (os chatos) o degredo ou a guilhotina.

Neste ambiente de autoritarismo e mandonismo, resquício dos 400 anos de nossa escravidão, as pessoas apenas se defendem e, na defensiva, não arriscam, não criam. O que se vê, então, é cada um “tirando o seu da reta”, protegendo-se. Surge, como consequência, uma enxurrada de cartas, memorandos (modernamente e-mails), com cópia para Deus e o mundo. A empresa se burocratiza e na prática para. A busca é por quem errou e não o que deu errado. Se algum incauto surge com idéias, não raro recebe como resposta “você aqui é pago para trabalhar, não para  dar palpite”.

Sabemos que criatividade e inventividade são basilares para o desenvolvimento (nosso povo é pródigo nesses quesitos). Como ser criativo num ambiente em que a participação não só é inibida mas até considerada ofensiva?

 

Ademar G. Feiteiro

 

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